Eu não sou muito de postar no meu Facebook. Às vezes coloco fotos, costumo compartilhar as matérias aqui do youPIX e também escrevo uma ou duas besteiras. Fugindo do conteúdo imagético e da auto-promoção em colocar links de minhas reportagens, quase todas essas besteiras tem algo em comum: são reclamações. Do trânsito, das eleições, do meu time. E eu sei que não sou só eu. O Facebook é tipo um diário coletivo do ódio.
Em época de eleições, segura o forninho, amigo. É pra lá e pra cá, um discurso de gente que reclama de outras pessoas que reclamam do amigo do candidato à deputado. Mas por que eu tô dizendo isso? Li esse texto aqui, de Melissa Dahl, da New York, que fala sobre uma experiência interessante. Ela passou 7 dias sem reclamar.
Uma semaninha sem falar mal de ninguém, sem descontar a raiva da rotina e tentar viver uma vida positiva. Tudo isso contando vida on e offline. À primeira vista, parece uma historinha feliz que saiu de um conto da Disney sobre como o mundo melhora quando a gente não fala umas merdas ou mal das pessoas e da nossa vida. Por que, olha, é bom reclamar. É mesmo. Tanto que Melissa diz isso ao final do experimento: ela realmente sentiu falta e, pesquisando depois, descobriu que o mimimi tem influências positivas na nossa mente, segundo psicólogos.
No relato sobre a experiência, ela fala sobre como induziu um amigo a lamentar sobre algo no Twitter e, apesar de não ter sido ela, como aquilo a intoxicou da mesma maneira como se tivesse sido ela a postar a reclamação. E aí que mora o perigo: quando a gente reclama, nosso sentimento normalmente parte de outra coisa — uma frustração, uma raiva, ou algo do tipo. E, segundo cientistas, a raiva é o sentimento mais contagioso do planeta. Eles fizeram uma pesquisa com a rede social Weibo, popular na China, e viram que mensagens de teor negativo costumam ter mais alcance e impactar mais as pessoas. Vira uma bola de neve. A gente tem raiva e reclama de tudo. Daí vê o outro reclamando e reclama mais. De repente, reclamação é tudo o que tem na nossa vida, deixando tudo mais pesado e difícil.
Este outro post indica para o mesmo ponto, sobre como estamos nervosos no Twitter e os motivos de isso tudo. Segundo psicólogos, muitas das nossas lamentações virtuais acontecem por que não temos a reação verdadeira das pessoas sobre nossos atos. Em outras palavras, a gente não tem contato com o rosto de quem vê nossos posts, logo, não temos qualquer tipo de empatia. E dá-lhe haterismo!
Mas e aí, não pode reclamar?
Segundo Melissa, sim, pode. Mas o lance é se tornar um "bom reclamante": não reclame faça por muito tempo e não deixe suas palavras se transformarem numa lamentação eterna. Melissa disse que, sempre que ia fazer uma reclamação, parava pra pensar, respirava e seguia com a sua vida. E é essa a conclusão de psicólogos: reclame sobre coisas que valem a pena — e você só vai ter esse julgamento se você parar pra pensar. Se não, você vai sair cuspindo fogo por tudo que é canto, sem nem lembrar os motivos pelos quais você tava de mimimi.
E lembre-se: quanto mais reclamação você vê, mais você tende a fazer o mesmo. Não dá pra desviar de todo o chorume de uma timeline — e eu nem tô sugerindo isso. Mas, a questão aqui é que é necessário um equilíbrio, uma respirada, uma pausa antes de abrir a boca ou digitar no teclado, pra saber se aquilo vale a pena — mas, se depender da toxicidade atual das redes sociais, você não vai conseguir.
Bora tentar?
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Original Article: http://youpix.virgula.uol.com.br/comportamento/eu-passei-7-dias-sem-reclamar/
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