Caso você queira ter a sua página excluída no Facebook, há uma forma muito fácil: poste foto de peitinhos. Sim, seios. É a única certeza. Nós mesmos já colocamos uma foto de Inês Brasil com toda sua malemolência, a imagem foi excluída e fomos avisados que se aquilo ocorresse novamente nossa página poderia ser deletada.
Essa polêmica do que "o que pode e o que não pode" no Facebook é constante. A última foi o grupo de Encoxadores e Encoxatrizes, que apoiava o abuso de pessoas no transporte público. A página existia há algum tempo e só foi deletada depois de muita repercussão. Ainda existem outros grupos parecidos.
Por um lado, é bom que se formem esses nichos de babacas/estupradores, pois assim pode ser aberta uma investigação — como já está sendo feito. Por outro, é dar voz pra que gente muito mal intencionada possa discutir o assunto e até marcar encontros. Até que ponto o Facebook deve liberar esse tipo de comportamento?
"Orgulho de ser babaca"
Segundo o Padrão das Comunidades do Facebook, o discurso de ódio e incitação a violência serão excluídos:
O Facebook não permite discurso de ódio mas faz distinção entre um discurso sério e um discurso de humor. Embora encorajemos a discussão de ideias, instituições, eventos e práticas, não permitimos que indivíduos ou grupos ataquem outras pessoas com base em sua raça, etnia, nacionalidade, religião, gênero, orientação sexual, deficiência ou doença.
A página Orgulho de Ser Branco, por exemplo, ganhou bastante repercussão ano passado. Assunto de várias matérias, os administradores deram entrevistas e negaram qualquer tipo de racismo. Mas é só fuçar lá que a gente acha coisas bem absurdas. Apoiam Jair Bolsonaro na Comissão do Direitos Humanos, afirmam que o QI de brancos é mais alto que o de negros e até que a soja (sim, o alimento) está tornando as crianças gays.
Mas a página continua lá e, para o Facebook, não tem nenhum discurso de ódio, embora eles sejam abertamente contra a miscigenação (embora não contra os mestiços?).
Tá, você não acha que essa página tenha discurso de ódio?
E o que dizer de um vídeo de decapitação? No ano passado, um vídeo de uma mulher sendo decapitada ficou dias rodando o Facebook, sem que a rede social tirasse o clipe de lá. Depois de muito tempo, resolveram agir…Depois voltaram atrás e, enfim, resolveram tirar. Lembrando que também há um item no padrão de comunidades exclusivo à violência, como no caso da decapitação:
A segurança é a maior prioridade do Facebook. Removeremos o conteúdo e poderemos comunicar às autoridades locais se notarmos o risco real de lesões físicas ou uma ameaça direta à segurança pública. Você não pode ameaçar outras pessoas de forma crível ou organizar atos reais de violência. Não é permitido que organizações com uma história de terrorismo ou de atividades criminais violentas mantenham uma presença em nosso site. Também proibimos a promoção, o planejamento ou a comemoração de qualquer ação caso ela tenha resultado, ou caso tenha havido a possibilidade de resultar, em danos financeiros a outras pessoas, incluindo roubo e vandalismo.
Na época do vídeo a gente já debateu o assunto, mas é importante falar mais sobre isso. A verdade é que o negócio só fica sério mesmo quando o assunto é nudez ou pornografia. Tente postar uma foto de alguém nu — a sua imagem não vai durar meia hora na rede social. Agora um vídeo de decapitação, fica por dias.
O Facebook odeia peitos
Mark e Cia são bem claros quanto à nudez:
Facebook tem um política rígida contra o compartilhamento de conteúdo pornográfico e qualquer conteúdo sexualmente explícito onde um menor de idade está envolvido. Também impomos limitações na exibição de nudez. Almejamos respeitar o direito das pessoas de compartilhar conteúdo de importância pessoal, sejam fotos de uma escultura, como Davi de Michelangelo, ou fotos de família da amamentação de uma criança.
Obrigado, Facebook, por deixar que eu poste fotos do Davi de Michelangelo. A real é que o preconceito está liberado — desde que seja velado. Não há um senso crítico do que pode ser abuso e incitação à violência? É necessário declarar publicamente que há um preconceito ali?
O Facebook quer evitar, de todas as formas, que a rede social tenha um cunho pornô. Não é condenável, imagine o que o Facebook poderia virar se a putaria tivesse liberada. Dá pra entender. Mas ser mais rígido e rápido com casos de nudez do que com casos de estupro e preconceito velado, é o que deixa a pulga atrás da orelha.
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