Entrevistar Juliana Paes é sempre um prazer. Dono de uma simplicidade absurda e de um sorriso farto, a atriz atendeu a ligação deste colunista que vos escreve em plena folga — dia em que ela costuma dedicar intergralmente aos filhos Pedro e Antônio.
Na entrevista a seguir, Juliana fala sobre Catarina, sua personagem em 'Meu Pedacinho da Chão', da vida harmoniosa que leva e revela que não pretende ter mais filhos. "Fechei a fábrica com meus dois filhinhos. Se acontecer alguma coisa vai ser por acidente". Com vocês, a maravilhosa Juliana Paes!
Vamos começar falando de 'Meu Pedacinho de Chão'. Como é fazer uma novela tão diferente das que você já fez?
Cara, eu estou adorando fazer a novela. Está sendo uma experiência gratificante porque nessa novela a gente tem muita liberdade. Principalmente agora, que os personagens estão bem definidos. É prazeroso estar ali. O processo todo é muito trabalhoso e cansativo, não vou mentir. Eu levo quase duas horas para ficar pronta com toda aquela roupa, que é praticamente feita no nosso corpo. É pesado, tem o corselet que aperta pra caramba, depois as perucas e os enfeites da peruca… Dá muito trabalho. Mas depois, quando a gente entra no estúdio e ouve o gravando, vale. Eu posso dizer que eu nunca me diverti tanto em cena.
E ver o resultado na televisão é muito bom, né?
Sim, é bom demais. A gente está fazendo uma espécie de teatro na TV. Outro dia estava fazendo uma cena com Osmar (Prado) e quando nos demos conta estávamos virados para boca de cena, fazendo praticamente uma opereta. A gente se olhou na hora e eu disse: "O que a gente está fazendo aqui? Teatro?" (risos). A gente improvisa muito e tudo o Luiz (Fernando Carvalho) não corta praticamente nada.
E o retorno desse público novo? É muita criança e muita família?
É muita família. Eu percebo um retorno muito grande do público infanto-juvenil, das crianças de sete a 13 anos e dos pequenos também. Meu filho Pedro, que tem três anos, adora.
O Pedro assiste? O que ele diz?
Pedro assiste e é apaixonado pelos personagens Zelão (Irandhir Santos), Pituca (Geytsa Garcia) e o Serelepe (Tomás Sampaio). Tudo para ele é o Zelão, ele imita até o jeito de andar do personagem. Ele também ama a Pituca , que é a minha filha na novela. Um final de semana desses eu trouxe ela para dormir comigo e ele alugou a menina o fim de semana inteiro.
Como é a convivência com uma menina para você, que sempre teve meninos na sua rotina?
Na realidade eu não faço essa distinção de menino e menina, sabe? Eu acho que criança é criança. Eu faço questão, principalmente na educação dos meus filhos, de ter muito cuidado com aquela coisa do que é de menino e de menina. Isso acaba sendo uma herança da nossa geração: rosa é de menina e azul de menino; não pode bater em menina, mas pode em menino. Eu acho que isso acaba fomentando um preconceito. Batalho muito contra isso na criação dos meus filhos. Se quiser brincar de boneca pode brincar, se a menina quiser brincar com carrinho também, eu sou desse partido. Ter uma filha na novela não muda em nada. O lúdico continua sendo lúdico e as brincadeiras não mudam.
Como é para você, nesse momento, a escolha dos papeis? A Catarina tem a ver com o seu momento de vida ou não? Foi algo casual?
Claro que eu sempre me preocupo com a escolha dos personagens, mas nesse caso, acho que foi mais uma escolha por um profissional que eu venho acompanhando há muito tempo, que é o Luiz Fernando Carvalho. Já faz um tempo que eu ando admirada com os trabalhos dele. Quando Antônio estava com três para quatro meses chegaram com a proposta para eu trabalhar com o Luiz. Como meu bebê estava muito pequenininho, eu cheguei a hesitar porque não queria abrir mão desse momento com Antônio. Mas, depois eu acabei aceitando porque também queria muito trabalhar com o Luiz. Essa personagem, na realidade, foi feita para uma mulher um pouco mais velha que eu. Quando falaram de mim para o Luiz, ele se animou.
Você é o tipo de atriz que acompanha audiência?
Não. No nosso ambiente de trabalho às vezes a gente escuta as pessoas comentando que tal dia a audiência foi muito boa, mas não é algo que está todo dia no nosso quadro no estúdio. Não norteia o nosso dia a dia não.
Vamos falar agora sobre corpo. Você está no seu peso ideal?
Ah, não estou no meu peso ideal ainda não, Leo (risos). Eu vou te falar que eu vivo um grande dilema na minha vida. Eu hoje, estou milagrosamente numa quinta-feira de folga, e tenho ficado muito pouco tempo em casa com os meus filhos por conta do trabalho. Eu gostaria de ficar muito mais por causa das crianças, então quando posso eu quero ficar com eles. Daqui a pouco estou levando eles ao homeopata, então é difícil eu pegar parte do meu dia para ir a academia. Já tenho tão pouco tempo para ficar com eles que isso acaba me parecendo fútil, entende? Agora, com essa personagem que não está me exigindo tanto fisicamente, não me vejo nessa obrigação de ir à academia. Eu me disponho a cuidar do meu corpo muito em função do trabalho. Se eu tivesse fazendo uma personagem que exigisse aquele corpo perfeito, é óbvio que eu estaria mais focada nisso, mas como esse não é o caso, eu acabo não me importando tanto com os quilinhos a mais.
Mas, são quantos quilinhos a mais?
Olha, se eu conseguisse, magicamente, sumir com uns três quilinhos eu iria ficar feliz da vida (risos).
Ah Juliana, para. Três quilos não é nada.
Então, é isso que eu estou te falando. As minhas calças jeans estão cabendo em mim e esta tudo ótimo. Eu quero mais é ficar com elas apertadinhas mesmo, mas brincando com as crianças.
Eu tenho que te perguntar sobre Carnaval. Você é um ícone do Carnaval carioca, e eu quero saber qual é a sua no ano que vem?
Eu não sei (risos). Sabe o que acontece? Eu sou uma apaixonada por samba e Carnaval é uma coisa que mexe comigo desde que eu era criança. Me lembro do dia que isso começou, eu tinha 12 anos. Eu chorei na Sapucaí quando meu pai me levou para realizar esse sonho que era meu e da minha irmã, de ver os desfiles pessoalmente. Ele se desdobrou todo e conseguiu com um amigo uma frisa pra gente ficar, porque a gente não tinha grana. De repente eu estava ali, cara a cara com aquilo tudo. Lembro do desfile do Salgueiro que me emocionei muito. Desde então, começou a minha paixão pelo Carnaval e eu sempre acompanhei e fui ao barracão da Viradouro, que é de Niterói. É uma relação de amor verdadeiro. Quando eu comecei a desfilar era nas alas. Daí, comecei a fazer novela e veio convite para destaque e com o decorrer natural das coisas, veio o convite para desfilar à frente da bateria. Essa semana, eu estava ouvindo no carro um samba maravilhoso do Império Serrano. Dá uma saudade muito grande de estar naquele vuco-vuco, mas depois vem o pensamento da responsabilidade de ir a todos os ensaios…
E não são só os ensaios, mas entra a questão de deixar sua família em casa e tudo mais, né?
Exatamente. Você vai para os ensaios que começam tarde e acabam de madrugada. No dia seguinte você acorda tarde e cansada, além de ter perdido a manhã com os filhos. Eu fico nesse dilema gigante também. Sem filhos eu ia para os ensaios e acordava no dia seguinte 13h. É de manhã cedinho que as coisas começam aqui em casa (risos). Então, é como eu estou te dizendo, vem a vontade, mas ela passa rápido. Eu tenho saudade.
Objetivamente. A Grande Rio queria você como rainha de bateria ano que vem e o problema foi que a Viradouro subiu. A verdade não foi essa?
É, a verdade foi essa que você está dizendo. A Grande Rio é cheia de amigos meus como o Jayder (Soares, presidente) e o David (Brazil), que frequenta minha casa. Então, é muito instigante, mas eu também acho que tenho uma identidade com a escola do meu coração, que é a Viradouro. Eu não sei o quão bacana seria eu desfilar por outra escola, se isso não seria muito bacana da minha parte.
Eu acho que na verdade a intenção da Grande Rio é homenagear você e fazer uma despedida sua no Carnaval. O que talvez você não tenha tido, uma despedida.
O David (Brazil) falou isso para mim, mas eu fico pensando se assim não é estar traindo a minha escola. Vamos fazer uma enquete, Leo (Risos).
Vou te dizer que acho esse pensamento seu lindo e maravilhoso, mas hoje as escola não veem mais isso. Essa coisa da bandeira…as escolas mudam tanto, as pessoas, dirigentes e etc.
É verdade, eu acho que estou meio quadrada e careta com esse pensamento (risos).
Vamos ver os capítulos que virão nos próximos meses, certo?
Isso. Quando estiver chegando perto e começar a me dar aquela coceira, de repente eu mudo de ideia e vou (risos). Por enquanto eu vou ficar quietinha.
O que você quer para sua vida?
O que eu quero? Ah, não quero mais nada da minha vida não, Leo. Eu estou me sentindo num momento tão pleno. Fechei a fábrica com meus dois filhinhos, completo este ano 15 anos de TV Globo com um projeto lindo! Se eu pedir alguma coisa vou estar sendo gulosa.
Fechou de verdade?
Fechei mesmo. Se acontecer alguma coisa vai ser por acidente, porque eu estou tomando conta para não acontecer (Risos).
Tudo na sua vida é muito perfeitinho, não é? Seu marido (Carlos Eduardo Baptista) além de lindo, ele não fala com a imprensa, não gosta de flashes, não quer aparecer mais que você…
Leo, eu vou te falar que acredito que tudo isso é providência divina (risos). Por mais que a gente tente programar as coisas… Eu não tenho tudo programado assim. Até os personagens que aparecem para mim não estão no meu controle.
Entendo, mas eu digo até o momento em que você era sexy symbol e passou. Acredito que muita gente não conseguiria se livrar desse rótulo facilmente e você se livrou. Hoje você é uma atriz e não um sexy symbol, não é?
Entendo (risos). Mas também, eu acho que o tempo fala muito por nós. O sexy symbol vem também porque a primeira coisa que as pessoas olham na gente é a nossa estampa. A minha sempre falou muito forte porque sempre tive esse corpo exuberante, que também é fruto de uma ascendência da minha família. Eu nunca fui uma malhadora de academia e ter aquele corpão trabalhado. Meu corpo sempre foi muito natural e eu sempre trabalhei muito o meu lado atriz, mas o que apareceu foi a minha estampa. Tratei de ser perseverante no meu trabalho e investi nas leituras, preparações e coaches, mas tudo isso é invisível. São coisas que faço na minha intimidade, minha formação é particular e minha estampa todos vêem.
O que você acha que abriu muitas portas na sua vida? Você é muita simpática e quando abre um sorriso, abre o mundo na sua frente, você não acha?
Ah que lindo! Obrigada. Eu acho, mas sempre fui assim, com essa cara aberta. Eu vejo fotos minhas de criança e a gargalhada é a mesma das que você me vê nas revistas hoje. Eu acho que a minha grande característica é a simplicidade. Me considero muito simples, gosto de gente e trato todo mundo igual. Gosto de conversar desde a menina que limpa o camarim do Projac até os meus grandes diretores. Eu chamo isso de simplicidade, não sei se tem outro nome para isso.
Qual é a parte ruim e a parte boa de ser famosa?
Parte ruim? Caramba, eu acho que é a que todo mundo conhece, a invasão. Isso acontece em alguns momentos delicados e a gente ainda sente culpa por isso. Esses dias eu estava no aeroporto com uma crise de enxaqueca que eu nem conseguia abrir o olho direito. Daí, apareceu um monte de gente para tirar foto e eu pedindo por favor para naquele momento não fazer. Mas aí, você já viu, né? Sai gente de cara feia, chateada e depois a gente ainda fica se sentindo culpada. Essa é a parte ruim. A boa todo mundo sabe também! As portas se abrem sempre e é sempre muito bom poder ir nos melhores lugares, receber os convites mais bacanas, usar os vestidos mais bonitos é muito gostoso também.
Jéssika Alves, que dá vida a uma empregada na novela do Maneco 'Em Família', disse que sonha em ser como você no futuro. O que você acha de inspirar outras atrizes?
Que linda! E ela está ótima, eu vi na novela. Assisto e acho curioso eu inspirar outras pessoas. Naquele momento que eu estava dando vida à Ritinha, eu não sabia o que ia acontecer comigo.
Não passava na sua cabeça ser a Juliana Paes de hoje na época da Ritinha, de 'Celebridade'?
Claro que eu pensava em seguir a carreira, mas assim cheia de brilho como eu tenho não imaginava, não. Eu nem queria tanto, eu queria continuar trabalhando, recebendo meu salário e continuar vivendo (risos). Nunca pensei que fosse ser tão genial como tem sido. Eu vivo com muita muita gratidão por tudo, na época da Ritinha eu lembro que eu sabia tão pouco e nem me posicionava direito diante das câmeras, percebo que a Jéssika (Alves) vai longe.
Deixa uma mensagem para os seus fãs.
Continuem acompanhando 'Meu Pedacinho de Chão'! A gente está preparando novos números musicais e a novela vai ter uma reviravolta muito bacana.
Original Article: http://blogs.odia.ig.com.br/leodias/2014/05/17/fechei-a-fabrica-com-meus-dois-filhinhos-diz-juliana-paes/
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