DEPOIS DE UM ANO EM CARTAZ, após passar por mais de 50 cidades e ser assistida por mais de 100 mil pessoas, Fernanda Souza chega hoje ao grandioso Vivo Rio, com lotação esgotada, com sua peça 'Meu Passado Não Me Condena'. Aos 30 anos, a jovem atriz que brilha como uma das apresentadoras do 'The Voice Brasil' recebeu a coluna para um papo franco e sincero. Depois de quase duas horas de conversa, saí com a convicção de que Fernanda nasceu mesmo para se comunicar: seja com a sua arte ou com seu carisma, que chega a transbordar. Com vocês, a menina que o Brasil viu crescer e se transformou em uma linda mulher, pronta para se casar.
Vamos começar falando sobre a sua peça 'Meu Passado Não Me Condena'. Como surgiu essa ideia?
Primeiro começou da minha própria curiosidade. Eu estava em São Paulo e fui assistir a uma peça do Marcelo Serrado, que o Léo Fuchs estava produzindo. Num trecho do espetáculo, ele contava coisas dos bastidores do personagem Crô (o filme) e eu ria muito vendo aquelas coisas que ele passou. Na hora pensei: 'Isso pode dar samba.'
Quando foi que você sentou e começou a escrever a peça?
Logo depois da peça nós saímos para jantar e eu comecei a contar as minhas histórias para o Léo, que é meu melhor amigo, e não sabia de muitas coisas (risos). Peguei desde o meu nascimento até agora. Eu escrevia no avião, em casa, fiquei na função disso. Deus é o autor, eu só transcrevi a história. Nunca pensei que iria fazer uma peça de sucesso sobre a minha carreira.
A peça já tem um ano e você ainda se surpreende com o sucesso?
Sim e vai ser dessa forma sempre. Lembro que em Brasília o teatro de 1.300 lugares estava lotado. As pessoas saíram de casa para me ver, sabe? Não tem como isso não ser surpreendente. Chego a atender 500 pessoas depois da peça.
Na peça você diz que sua boneca (Mili das 'Chiquititas') só não vendeu mais que a da Xuxa e que você não ganhou dinheiro com isso. É verdade?
As pessoas acham que fiquei rica com a venda da boneca, que na época bombou. Mas, o que é combinado não sai caro. Eu ganhei sim, alguns milzinhos, mas não chega nem perto do que as pessoas imaginam. O que a novela me proporcionou dinheiro nenhum compra: ser protagonista de uma novela infantil aos 12 anos e ficar conhecida por todo Brasil. No meu coração, 'Chiquititas' tem um lugar muito especial.
Quando você colocou a sua história no papel de alguma forma doeu?
Eu faço a passagem do tempo contando várias etapas da minha vida que muita gente nem sabe que aconteceu. Tem histórias muito íntimas como por exemplo: fiquei quase dois anos sem contrato com a Globo. Era um período em que a emissora não estava renovando com os artistas e eu pensava: 'Será que eu nadei, nadei e morri na praia?' Deus é generoso comigo e logo depois apareceu o papel da Mirna, na novela 'Alma Gêmea'. Lembro que nesse período, eu ia direto para igreja rezar. Pedia a Deus um trabalho porque eu precisava ganhar dinheiro.
Você fala muito em Deus, né?
A questão é falar e mostrar que acredito em Deus. Coloco meu joelho no chão e rezo. Na minha família é assim. Eu cresci com um terço na bolsa e a Bíblia na cama.
Você é católica?
Sou. Mas, acredito no espiritismo e sou filha de Iemanjá. Carrego um tercinho comigo. Acredito em tudo que me leva a Deus.
Você vai à missa?
Sim, agora mais com o Thiago (Thiaguinho, noivo da atriz). Ele é daquele tipo de pessoa que vai à missa sempre.
Você já declarou em entrevista que geminiano não gosta de falar de si próprio, né?
Não lembro de ter dito exatamente assim, mas acho que o geminiano tem sim um lado mais reservado. Ao mesmo tempo que ele fala bastante, esconde algumas coisas. Se permite ficar quieto e segurar, sabe?
Você acha que já falou muito?
Não. Sou muito cuidadosa com isso. Obviamente já me arrependi de ter falado algumas coisas.
Isso por que você começou muito cedo?
Não, a gente aprende até com o erro da colega. Às vezes, acontece com uma pessoa do escritório e você toma lição.
Uma vez, a Fernanda Paes Leme comentou sobre a dificuldade de conseguir espaço como atriz. Você e ela, que são conhecidas, talentosas, contratadas e bonitas, podem passar por esse tipo de coisa e muita gente nem faz ideia. Como é isso?
O mercado cresceu, o número de pessoas cresceu não só de trabalho como também de gente. Há 15 anos, não tinham tantos cursos como hoje. Uma brincadeira que eu faço é que quando entrei para Globo tinham cinco Fernandas e hoje em dia tem 15. Olha como aumenta?
Quando te convidaram para o 'The Voice Brasil', você pensou duas vezes?
Não! A minha história com o Boninho é que malhávamos na mesma academia e com o mesmo personal há anos, o Baiano. Sempre achei essa coisa de apresentar e fazer reportagens muito legal e um dia acabei comentando com o Baiano. Geminiano é comunicativo: Thiago Leifert, Fernanda Paes Leme, Bruno de Luca e Ivete Sangalo são desse signo e é uma galera que se comunica. Dez anos depois, a gente tentou trabalhar, mas não rolou. Quando surgiu a oportunidade quem me ligou foi o diretor-geral, Creso Eduardo. Na hora, respondi que era meu sonho. Estou apaixonada, estou trocando muito e aprendendo.
E como são as entrevistas com as famílias dos participantes?
Estudo a vida toda da pessoa, chego com perguntas na cabeça e leva uns sete minutos. Quando você olha no olho da pessoa e enxerga o sonho, é aí que o bicho pega.
Você tem muita curiosidade na vida do outro, né? O que é um ponto bom.
Tenho muita. De onde ele veio? Quem ele é? Rola uma coisa tipo 'Globo Repórter' (risos).
Você teve crise dos 30 anos?
Fui numa astróloga que é terapeuta, na semana passada. Ela lê o seu mapa e conversa com você como uma terapia. Quando você começa a falar da sua vida, ela vê através das posições dos planetas e etc. Ela explica os motivos para você. Ela me falou que no ano passado eu passei pelo retorno de Saturno, que eu achava péssimo. Foi incrível para mim o ano, lógico, tirando a perda do meu pai. O ano de 2013, eu fiz 'Malhação', teve a minha peça, as organizações do casamento e da casa, enfim, um ano de realizações.
Como vai ser o seu casamento?
Tentamos fazer uma coisa nem pequena e nem grande. Vimos quantas pessoas eu tinha para chamar, depois a lista dele e tentamos incluir todo mundo.
É muita gente?
Não bati a lista. Talvez sejam 500 ou 600 pessoas.
É muito gasto né?
É muito gasto mesmo, além de decorar a casa que é caro. Comecei a cuidar da casa porque é mais fácil aqui no Rio.
Thiago preferia o Rio a São Paulo?
Pra ele tanto faz. O Thiago precisa de uma base para poder viajar por todo país. E a nossa base vai ser no Rio porque pra mim é melhor estar perto do Projac.
Você mora com seus pais?
Não. Desde os 19 anos, moro sozinha aqui no Rio.
Você fez numerologia para escolher a data do casamento?
Não, isso é uma besteira. Ganhei um livro de numerologia e gostei muito. Calculei através desse número a data do meu nascimento, o meu nome e fui descobrindo que cada número tem um significado. O sete é muito espiritual, de ligação com Deus, e eu acredito muito nisso. Somo os número das datas de tudo, gosto de saber. Você soma 24/02/2015, depois reduz que dá sete. Não fui numa numeróloga, eu que fiz. Ganhei o 'Dança com Famosos 7', por exemplo. Eu não era a que dançava bem e sim a que dançava com a alegria. Eu fazia cara de que dançava (risos). Thiago escreveu isso em uma música 'É Deus que escolhe quem vai se dar bem'.
Você acredita em tudo?
Opa, claro.
Seu corpo mudou muito! Você luta contra a preguiça?
Eu adoro malhar. Se for preciso treino por duas horas seguidas virada de viagem. Não imagino minha vida sem atividade física, não é só por querer uma bunda ou uma perna maneira, lógico que quero, mas vou malhar a vida inteira.
O que você não come?
Não existe isso.
Na sua geladeira tem tudo?
Não.
Ah, tá (risos).
Não ter, não quer dizer que eu não coma. Sou bem tranquila, sou focada. Se digo que vou perder três quilos, eu perco. Você pode esfregar brigadeiro na minha cara que eu não vou comer. Me dou o prazer também de um dia ir ao Antiquarius Grill comer uma feijoada.
Você tem medo de alguma coisa?
De avião. Já tem uns três anos. Uma vez, eu estava indo para Portugal com a peça 'Um Sonho Para Dois' e na volta, com a minha mãe, peguei uma turbulência que nunca tinha visto em toda a minha vida. De uma hora, no meio do oceano. Na hora, veio na minha cabeça que Thiago nunca chora e na nossa despedida ele chorou. Já me deu susto, mas olhei para minha mãe e ela me acalmou: "Antes de embarcar falei com Deus e tudo vai dar certo". Deu certo, mas depois tive medo e vários pesadelos. Agora estou bem, mas sempre com terço na bolsa.
Original Article: http://blogs.odia.ig.com.br/leodias/2014/09/27/eu-cresci-com-um-terco-na-bolsa-e-a-biblia-na-cama-revela-fernanda-souza/
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