domingo, 19 de janeiro de 2014

‘Joguei pela janela bolsa de poodle e chinelo plataforma da Sabrina’, revela Yan Acioli, personal stylist das celebridades

'Joguei pela janela bolsa de poodle e chinelo plataforma da Sabrina', revela Yan Acioli, personal stylist das celebridades
Leo dias

Por trás das artistas mais lindas e deslumbrantes há sempre um personal stylist responsável por decidir o que ela deve ou não vestir. E a coluna de hoje é dedicada ao principal nome do Brasil nesse assunto. Yan Acioli é quem cuida do visual de Sabrina Sato. Até mesmo para uma simples ida da japa ao shopping é ele quem pensa a roupa que ela vai usar. Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Preta Gil e Kaká foram algumas das celebridades que já contrataram os serviços de Yan, que conta nesta entrevista como é possível transformar uma pessoa em um ícone da moda.

Você é publicitário e há quase nove anos trabalha como stylist. Como foi que isso aconteceu?
Tudo começou quando fiz um semestre de Comunicação e fui morar na Austrália, desiludido sem saber o que fazer. Voltei para o Brasil e até cheguei a fazer estágio no Senado, mas não aguentava mais. Daí, conversei com minha mãe e disse que queria fazer produção de moda, em São Paulo.

Mas você saiu de Brasília com a certeza que daria certo nessa carreira?
Não tinha certeza, mas tinha muita vontade de dar certo. Sabia que aquela era minha hora. Poderia ter estudado e passado para um concurso, como muita gente da minha família, mas não estaria realizado.

O negócio é entrar nesse meio, não é verdade?
Pois é, tive uma oportunidade muito grande, no primeiro mês, quando pintou um 'freela' para fazer com o Raphael (Mendonça). Nesse período, ele começou a trabalhar com a Sabrina e aí nos conhecemos. Desde então, foi um amor e não nos desgrudamos mais.

Um amor intenso, né?
Sim, a gente não se desgrudou mais, Leo. Naquele ano, Raphael foi morar em Nova York. Nessa época que fiquei com a responsabilidade de cuidar das produções da Sabrina. Vivemos muitos momentos difíceis juntos também, como na época em que minha mãe teve câncer no intestino e coincidiu do avô dela ter falecido.

Foto: Robert Astley Sparke

Foto: Robert Astley Sparke

Vocês passavam 24 horas por dia juntos mesmo?
Sim, quando a Sabrina me chamou para ser o personal stylist fixo dela, eu dormia na casa dela direto. A gente comprava tudo: calça jeans, bolsa, sapato… Começamos do zero literalmente. Além de ela ter se tornado meu porto seguro financeiro, ela se tornou minha família. Dona Kika (mãe de Sabrina) até hoje traz pernil de Penápolis pra mim, acredita? (Risos).

Quem era a Sabrina antes e hoje, visualmente?
Acho que ela era mais menina, a definição é essa. Hoje é uma mulher, isso é fato. Ela tem um gosto mais apurado, sabe o que quer.

A Sabrina errava antes?
Leo, eu aprendi a acertar com ela. O que posso dizer é que, assim como a Claudia Leitte, ela saiu de um momento menina e entrou numa fase mulher.

Como você consegue fazer a Sabrina sexy sem ser vulgar?
Então, sem querer rasgar seda, acho que isso é um mérito dela.

Tem a ver com o corpo dela?
Todas as roupas chiques caem bem nela. Quando comecei a trabalhar com a Sabrina, ela fazia um quadro em que acompanhava as Panicats de lingerie. Seria contraditório fugir de algo mais sensual para ela, entende? Foi nessa época que tivemos dificuldade de conseguir produções.

As pessoas tinham medo de vincular as marcas à vulgaridade?
Sim. As pessoas não queriam associar a marca com aquele quadro. A sensualidade está mais forte nela do que na roupa que ela usa. Acho que ela é sexy porque também é caipira. A gente ama usar vestido longo, mas a gente quer ser diferente. A prioridade não é o chique e sim o confortável.

Seu trabalho era de vestir a Sabrina em tudo, até em uma ida ao shopping?
Não. Na verdade, eu dou sugestões para ela.

O que você fez, jogou o guarda-roupa dela fora?
Na verdade, não. A mãe dela é dona de uma loja multimarcas. Então, a Sabrina sempre teve boas roupas. O que houve foi que separamos algumas coisas que ela não iria usar mais. Reformamos o armário.

Por exemplo?
Tinham algumas coisas fofas e engraçadinhas demais que decidimos não usar, como camisetinha de paetê, bolsinha que imitava cachorrinho, chinelo plataforma, esse lembro que a gente jogou pela janela. A bolsa no formato de cachorro também (risos). Mas no closet tem coisas que já existiam.

Quando você começou a atender outras famosas?
Eu conheci a Claudia Leitte através da Adriane Galisteu. Fiquei encantado com aquela mulher de corpo incrível. Pouco tempo depois, ela me chamou para produzir o DVD dela.

Seu trabalho ganhou projeção, não é verdade?
Sim. Naquele momento, eu estava vestindo uma cantora conhecida em todo Brasil. A minha relação com a Claudia, assim como com a Sabrina, ultrapassou o profissional e se tornou uma grande amizade. Cheguei a passar três férias com ela e a família.

Por que você parou de trabalhar com a Claudia?
Só parei de trabalhar porque a nossa relação ficou muito mais de amizade do que profissional. Ela não era mais 100% reflexo do meu trabalho. Teve a ver também com as nossas agendas.

Quanto tempo depois você assumiu a Ivete ?
Foi coisa de um ano e três meses.

O que a Ivete, que já era consagrada, queria?
O que aconteceu foi que eles começaram a ver meu trabalho e se interessaram.

E aí?
E aí que tive a consagração de trabalhar com essa pessoa fenomenal. Fiquei três meses com ela e lembro que a primeira vez que a produzi foi para uma participação no 'Esquenta'. Estava muito nervoso, nem dormi direito.

Qual é a diferença entre trabalhar um corpo de modelo, como o da Claudia Leitte, e a Ivete Sangalo, que tem formas bem brasileiras?
Nenhuma. Sem hipocrisia. Já vesti muitas modelos, como Isabeli Fontana, Michelle Alves…

Que é bem mais fácil.
Não. A primeira mulher famosa de corpo real, sem ser modelo, foi Sabrina. A segunda, que ficou pelada na minha frente e me deu liberdade de vesti-la, foi Preta Gil, que eu amo.

Você está dizendo que vestir a Preta e a Isabeli é a mesma dificuldade?
O que estou dizendo para você é que são mulheres que eu admiro. Não existe dificuldade em corpo e sim na cabeça.

Kaká te contratou na época que era da Armani?
Não, na época, ele tinha acabado o contrato com a Dolce & Gabbana. Ele tinha muitas roupas dessa marca e a gente organizou tudo. Morro de admiração por ele, é um príncipe.

Ele é muito careta. Não na maneira de se vestir, mas de pensar.
Você acha? Eu falo dessa forma porque tive a oportunidade de conviver com essa pessoa e não acho ele careta, não.

Você consegue transformar qualquer mulher brega em chique?
Não vamos usar brega e não transformo nada, ok? Se estivermos dispostos a fazer um trabalho juntos, a certeza é total de sucesso.

Quem é o famoso com quem você jamais trabalharia?
(Silêncio). Não vou dar nome. Imagina, não sei o dia de amanhã.

Você já disse muito não para famoso?
Já, mas geralmente eu pago para ver.

Com quem você sonha trabalhar?
Tenho muita vontade de trabalhar com a Rihanna, Victoria Beckham e também com aquela latina maravilhosa, a Sophia Vergara.

Fora as que você veste, quem é uma grande mulher estilosa no Brasil?
Viva?

Se possível (risos).
Digo porque era apaixonado pela Hebe. Joias lindas, cabelo impecável…mas uma mulher muito estilosa, de quem sou fã de carteirinha, é a Costanza Pascolato.

Como é o seu trabalho no Carnaval com a Sabrina?
A gente tem o tema da escola todo ano e a agremiação sempre sugere uma fantasia. Sabrina gosta de dar opinião, e eu sempre faço a intermediação com o Henrique Filho, que é um gênio.

O que ela mais curte e o que não gosta em uma fantasia?
Ela adora maiô cavado e gosta da fantasia que não cobre o bumbum. Sabrina não tem problema com isso, se sente confortável. As pernas têm que ficar de fora e o cabelo sempre preso para valorizar o make.

O que você pode adiantar para esse ano?
Nada ainda. Temos que conversar com o Henrique Filho (estilista).

Nem o tema?
É algo total Brasil devido ao tema, mas ainda não sei o quê. Em São Paulo, ela vai representar a bola de ouro em homenagem ao Ronaldo Fenômeno.

Você trabalharia com alguma funkeira?
Eu sou apaixonado pela Valesca Popozuda.

Ela mudou muito, está menos vulgar, né?
Acho que vulgaridade é outra coisa. Sempre gostei dela, é verdadeira…

Você gostava da maneira dela se vestir?
Não é a maneira que eu acharia bonito. Por exemplo, não curti a fantasia de banana do desfile do Salgueiro que ela usou. Não gosto de body paint (corpo pintado). Mas, respondendo a sua pergunta, trabalharia, sim com uma funkeira.

Você acha que vai enfrentar um desafio de vestir a Sabrina na Record, que é uma emissora brega?
O que é brega para você?

É você parecer ser quem não é. Você não acha que a Record deixou a Ana Hickmann, que era ícone de elegância e beleza, brega?
O que posso te dizer, do que conversei com Sabrina, é que a forma de ela se vestir não vai mudar.

A sua trajetória como stylist rendeu boas parcerias?
Sim. Tenho quatro parcerias de licenciamentos. T-shirts masculinas e feminina com a Cute&Chic, uma coleção de 11 peças de roupas com a Thelure, um sapato com a Dumond e acessórios com a Lesis.

O que você diria para as mulheres que estão lendo essa entrevista e querem parecer mais chiques e modernas?
Gosto de falar para as mulheres experimentarem. Entre no provador e se olhe. E não queira ser o que você não é, isso é o mais importante. Você só querer ser porque está na moda não é o caminho. Tem coisas que entram na categoria senso. Não está com o braço muito legal, então, não dá para colocá-lo de fora.



Original Article: http://blogs.odia.ig.com.br/leodias/2014/01/18/joguei-pela-janela-bolsa-de-poodle-e-chinelo-plataforma-da-sabrina-revela-yan-acioli-personal-stylist-das-celebridades/

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