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Frida foi uma mulher muito interessante, e acima de tudo muito transparente. Deixou registrado em suas obras tudo o que sentia e o que vivia, não tinha a pretensão de ser uma grande artista, queria apenas desabafar. Teve muitos motivos para ser deprimida, revoltada, mas foi salva pela arte. O que prova que a felicidade não vem de fora.
Ela via a beleza na tragédia. Tinha duas opções, deprimir-se e fugir da dor, ou encarar o sofrimento a ponto dele se tornar seu aliado e fonte de inspiração. E foi o que aconteceu, todo seu reconhecimento foi devido a uma vida de sofrimentos retratados em imagens.
Quando criança, Frida contraiu Poliomielite, que deixou uma lesão em sua perna esquerda e a levou a ficar manca. Mais tarde sofreu um grave acidente de ônibus que deixou múltiplas fraturas e marcas por toda sua vida. Ela precisou fazer inúmeras cirurgias e ficar paralisada na cama por um longo período, foi aí que começou a pintar.
Diziam que ela não era muito bonita e também tinha sequelas do acidente, ela poderia ter se escondido, acreditado que por conta disso não se casaria, ninguém a amaria, mas transformou sua deficiência em estilo e tornou-se única e sedutora.
Ela não se preocupava com a opinião das outras pessoas sobre ela, era livre para fazer o que quisesse e assim viveu. Esse foi o seu legado mais importante, fazer o melhor que pode com o que a vida oferece, sendo autêntica. Se as pessoas vivessem mais livres seriam mais saudáveis.
Mesmo sendo uma mulher conectada com a essência feminina, que transformava dor em arte, deficiência em beleza, e amargura em cores. Ainda assim, com toda essa força de superação e transformação, Frida se escondia em um estereótipo masculino. Buscava características masculinas quando estava em momentos críticos, cortava seu cabelo, usava ternos, bebia e fumava, desenvolveu um mecanismo de defesa para lidar com a dor emocional que para ela deu certo.
Se de um lado ela era essa mulher avassaladora, exótica e revolucionária, de outro, era uma mulher submissa, vulnerável, sensível e apaixonada. Dizia que não achava fidelidade muito importante, mas ficava extremamente magoada quando descobria as infidelidades do marido e o perdoava em todas as situações, até mesmo quando foi traída com própria irmã.
Se a vida de Frida fosse fácil, sem tragédias e com um casamento estável, provavelmente ela seria uma mulher comum com pequenas ambições, cheia de filhos e sem brilho. Foi a desgraça que a fez ser quem foi, que deu a chance de deixar esse legado e ser reconhecida mundialmente. Seu jeito de lidar com as intempéries que a vida lhe oferecia foi o que deu toda a beleza de sua história. Toda dor foi necessária.
Apesar de sua obra ser considerada surrealista, para ela, era a total realidade expressada em figuras de si mesma, não se dedicou em divulgar sua arte, achava que apenas seu marido era artista e se escondia atrás dele, não lutou pela sua identidade, apenas pintava e vivia. Só depois de sua morte foi reconhecida.
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